As vendas de carros elétricos registraram um aumento de 60% em 2022, ultrapassando a marca de 10 milhões de unidades vendidas, de acordo com um relatório publicado no dia 11 de julho de 2023 pela Agência Internacional de Energia (IEA). Além disso, os sistemas de armazenamento de energia tiveram um crescimento ainda mais rápido, dobrando sua capacidade.
O relatório da IEA revela que o aumento nas vendas de carros elétricos está relacionado ao aumento do tamanho médio das baterias em quase todos os principais mercados. Essa tendência de favorecer veículos maiores, que já é observada nos mercados de carros convencionais, agora está se repetindo no mercado de veículos elétricos, colocando uma pressão adicional nas cadeias de suprimentos de minerais críticos.
A publicação analisa o mercado de minerais críticos para a transição energética e destaca que o rápido crescimento das tecnologias de energia limpa está impulsionando uma demanda significativa por minerais como lítio, cobalto, níquel e cobre. Entre 2017 e 2022, o setor de energia foi o principal responsável pelo triplo aumento na demanda global por lítio, um salto de 70% na demanda por cobalto e um aumento de 40% na demanda por níquel.
O mercado de minerais para a transição energética atingiu um valor de US$ 320 bilhões em 2022, recebendo cada vez mais atenção da indústria global de mineração, que aumentou os investimentos nesse segmento em 30%. O lítio, que é o componente principal das baterias, teve o maior aumento no investimento, com um salto de 50%, seguido pelo cobre e níquel.
No entanto, essa crescente demanda por minerais críticos está colocando pressão na cadeia de suprimentos. A oferta desses minerais é concentrada em alguns poucos países, e a mineração é uma atividade que causa alto impacto ambiental e consome muita energia. Além disso, após o fim da vida útil, as baterias podem se tornar resíduos perigosos.
Recentemente, a União Europeia firmou um acordo com a Argentina para aumentar a cooperação em relação às matérias-primas críticas, incluindo o lítio, cuja demanda na Europa deve aumentar em 12 vezes até 2030. O bloco também aprovou regulamentos visando melhores condições de acesso a esses minerais.
Para lidar com o problema do descarte de baterias, a logística reversa tem se tornado uma questão importante. Atualmente, a maioria das capacidades de reciclagem está localizada na China, mas novas instalações estão sendo desenvolvidas na Europa e nos Estados Unidos, onde políticas voltadas para a logística reversa de baterias estão em vigor.
De acordo com a IEA, atualmente, a reciclagem de sucata dos processos de fabricação é dominante, mas isso deve mudar na próxima década, quando as baterias dos veículos elétricos usados chegarem ao fim de sua primeira vida útil. No Brasil, apenas os 49 mil carros elétricos que foram colocados em circulação em 2022 representam cerca de 10 a 15 mil toneladas de baterias com vida útil entre 10 e 15 anos, segundo pesquisadores da Universidade Veiga de Almeida (UVA).
Esse mercado tem despertado interesse de startups, e a reciclagem de baterias foi a área que recebeu mais investimentos de capital de risco no ano passado, totalizando US$ 1,6 bilhão, de acordo com a IEA. Em seguida, estão as tecnologias de extração e refino de lítio. A maioria dos recursos arrecadados foi obtida por empresas sediadas nos Estados Unidos. Startups do Canadá e da China se destacam na reciclagem de baterias e no refino de lítio, enquanto as startups europeias têm obtido financiamento para elementos de terras raras, reutilização de baterias e fornecimento de materiais para baterias.
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